A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) autorizou o Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia (BBCE) a emitir os derivativos de energia. Entenda o que isso significa para o mercado.
Você sabe o que são os derivativos de energia? O setor de energia elétrica está em ampla expansão na país. Segundo o balanço da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o setor cresceu 10% entre dezembro de 2019 até junho de 2020.
O levantamento da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel) aponta que no ano passado o mercado livre de energia movimentou cerca de R$ 134 bilhões, representando 30% do consumo nacional. Contudo, para conferir liquidez, segurança e expansão do setor, algumas mudanças precisam ocorrer e os derivativos de energia são uma dessas opções.
Para entender melhor sobre o tema e como ele é importante para o mercado, continue lendo este conteúdo.
O que são os derivativos de energia?
Os derivativos são contratos financeiros que derivam de um ativo (índice, preço, câmbio). Essas operações funcionam como uma bolsa de valores e aproximam o mercado dos players.
Ao comercializar esse derivativo, compradores e vendedores firmam um compromisso que garante que o preço negociado não mude durante o período de contrato. Isso é importante no setor energético, uma vez que os preços oscilam com frequência devido aos fatores externos, como a previsão do tempo e quedas de consumo.
O projeto de lei 232/16 visa regularizar esse mercado e paralelamente o próprio setor tem buscado soluções para reduzir os riscos e prover segurança às transações no mercado de energia elétrica. Atualmente, a compra e venda ocorre no mundo físico. Ou seja, a empresa compra a quantidade de energia que precisa e recebe essa quantidade de megawatts.
Já com os derivativos, o modelo funcionará parecido com outras commodities, como petróleo e alimentos, baseando as transações no mercado financeiro. Além disso, os derivativos podem estimular investimentos no setor de energia, já que o risco será diminuído para ambas as partes.
Como os derivativos ajudam a dinamizar o mercado?
Atualmente, o mercado de eletricidade é bastante fechado no Brasil. Essa comercialização é feita por grandes players do segmento e com entrega física. Assim, apenas grandes companhias elétricas e empresas de “trading” conseguem especular o preço do produto, funcionando como intermediárias.
No modelo atual, quando um lado acredita que o preço vai subir, a empresa trading compra das companhias geradoras uma quantidade de megawatts, que são entregues a ela. Depois, essa empresa revende a energia para empresas interessadas em adquiri-la. Com a nova liberação, o Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia (BBCE) começará a negociar os derivativos em sua plataforma.
Fundado em 2012, o BBCE é uma plataforma de investimentos para comercializar energia e atua como administradora de um mercado de balcão organizado. A compra e venda dos títulos e ativos pode ocorrer via telefone e computador, como ocorre na Bolsa de Valores.
Assim, com os derivativos, é possível comprar um contrato que garanta que nas próximas semanas ou meses, a empresa tenha o direito de comprar energia pelo preço atual acordado. A perspectiva é que o consumidor de energia enxergue essa mudança como uma forma de negociar e ter preços mais competitivos.
Na Europa e nos Estados Unidos esse mercado já é bem líquido e, no futuro, o objetivo é que inclusive pessoas físicas também entrem nesse mercado no Brasil, descentralizando a compra e venda dos grandes players do setor.
Portanto, com a nova possibilidade de emitir derivativos de energia, a comercialização desse ativo se tornará mais líquida e dinâmica no Brasil. A longo prazo, novos investidores serão atraídos para esse mercado, afinal, ao comprar um derivativo será possível firmar um “contrato futuro” para proteção contra variações de preço.
Publicado no site do GNPW Group.